O último dia, 30 de junho
- Maria Elisa Dias
“Eu não disse que não precisávamos nos preocupar, que a vitória era nossa?!” Chico Xavier
Quanta emoção, falar sobre Chico Xavier.
Maria Elisa junto ao médium em seu lar, na mesa em que Chico tomava suas refeiçoes. O tempo passou, e ela, testemunhando fidelidade ao Cristianismo vivido por Chico Xavier |
Parece fácil, sobretudo quando nos vem à mente aquelas tardes de domingo em que passávamos a seu lado. Eram tardes cheias de lição de vida e aprendizado, que enriqueciam nossa alma e nosso coração com tanta vibração de amor, sabedoria e
grandeza daquele Ser que distribuía conosco toda uma vivência de dedicação, desprendimento e renuncia em favor do próximo.
Quanta saudade!
Quantas lembranças daquele domingo festivo para todo o brasileiro, 30 de junho de 2002.
Fogos iluminavam a Terra. Músicas, danças, carros com suas buzinas ensurdecedoras iam e vinham pelas ruas e avenidas de toda a cidade. Gritos de alegria enchiam o ar!
Cheguei mais uma vez a sua casa ansiosa para dividir com ele mais um dia de encantamento.
Encontrei-o repousando, mas acordado e feliz.
Comentei com ele tudo que vi e presenciei durante o percurso de minha casa até a sua.
Ele com seu sorriso fraterno, saudou-me, dizendo: “Eu não disse que não precisávamos nos preocupar, que a vitória era nossa?!”
Comentei com ele como o país festeja a vitória.
Maria Elisa mais jovem no local de trabalho de Chico Xavier. |
Perguntei-lhe se gostaria de ver pela televisão como estavam as comemorações. Com seu consentimento e ajuda de uma companheira, levei-o para sala e liguei a TV. Ali ficamos assistindo e rindo dos exageros próprios do nosso povo tão alegre, descontraído e exagerado em comemorações tão esperadas como aquela.
Preocupava-me seu olhar, às vezes, “longe”, mas tranquilo.
A tarde continuava ensolarada, alegre e barulhenta.
Euripedes entra na sala dizendo que iria dar uma volta e que logo-logo retornaria. Abraça Chico, que segura suas duas mãos junto ao coração, suspira fundo, mas nada diz. Seu olhar é doce, retendo ainda as mãos de Eurípedes com muito amor e carinho transbordando do seu olhar, como (talvez) um agradecimento ou despedida. Não entendemos nada. A emoção tomou conta de nossos corações.
Eurípedes, ansioso e emocionado, com muito afeto, diz:
- Está tudo bem Chico, eu volto logo.
Confesso que gostaria de ter facilidade para descrever tão lindo e emocionante momento de carinho e amor exalados naquele instante.
Dez anos se passaram. Até hoje revivo aquela cena de tamanha beleza, tentando encontrar resposta para nossos questionamentos. Despedida? Agradecimento? Chico era profundamente agradecido a tudo e a todos. E as lembranças sempre estão vivas em nosso corações.